Bullying é qualquer ato de violência física ou psicológica intencional e repetitiva praticada contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidação ou agressão, causando dor e angústia à vítima.
Apesar da prática ser muito antiga, somente há alguns anos passou a ser vista com mais seriedade pela sociedade e governo, com ações mais efetivas de prevenção e combate. Exemplo disso é a Lei 13.185, que entrou em vigor em 2016 e trouxe luz ao tema e instituiu o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying).
Neste artigo, vamos apresentar dados sobre o assunto e mostrar como os pais e a escola devem lidar com os casos de bullying.
Boa leitura!
Bullying no Brasil e no mundo
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019 apontam que 23% dos estudantes brasileiros com idade entre 13 e 17 anos afirmaram terem sido vítimas de bullying na escola, ou seja, sentiram-se humilhados por provocações feitas por colegas nos 30 dias anteriores à pesquisa.
As formas mais comuns de bullying, segundo Relatório publicado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), são:
- Insultos, xingamentos e apelidos;
- Golpes, agressão direta e roubo;
- Ameaças, difamação, exclusão social e isolamento.
Os principais motivos apontados para a prática são: aparência física (25%), gênero e orientação sexual (25%) e etnia ou nacionalidade (25%).
Além das escolas, na atualidade a internet tem sido ferramenta para o desdobramento prática do bullyng, chamado cyberbullying. Cerca de um em cada dez adolescentes (13,2%) afirmou já se sentir ameaçado, ofendido e humilhado em redes sociais ou aplicativos. O percentual é ainda maior quando consideradas apenas as meninas (16,2%).
Consequências do bullying
Apesar de o bullying poder envolver danos corporais e materiais quando há agressões físicas, as principais consequências para as vítimas são emocionais e psicológicas, podendo provocar ansiedade, depressão, doenças psicossomáticas e maior probabilidade de suicídio.
Um estudo global, feito com adolescentes de 12 a 15 anos de 48 países apontou que 10,7% dos entrevistados relataram tentativa de suicídio nos 12 meses anteriores à pesquisa, devido ao bullying.
No Brasil, a pesquisa PeNSE aponta para o mesmo cenário. Metade dos entrevistados (50,6%) afirmou “se sentir muito preocupado com as coisas comuns do dia a dia” e um em cada cinco (21,4%) disse que “a vida não valia a pena ser vivida”. Nesse último tópico, as meninas foram maioria (29,6%), contra 13% dos meninos.
Além disso, tanto as vítimas quanto os agressores são mais propensos a faltar às aulas, abandonar os estudos e têm uma tendência maior a entrarem em gangues e ter uma ficha criminal.Esse comportamento pode ser entendido como uma válvula de escape para quem se sente agredido e não consegue externalizar.
Dados como esses só comprovam a seriedade com que o bullying precisa ser tratado pela família, profissionais especializados, instituições de ensino, sociedade e governo.
Como a família deve lidar com o bullying
Como vimos, a prática extrapola os muros da escola e os pais precisam estar atentos ao que acontece com os filhos. Muitas vezes, a criança ou adolescente não se sente confortável em abrir o jogo com os pais ou professores por medo de retaliação, culpa, vergonha ou por não saberem onde procurar ajuda e acabam sofrendo em segredo.
Estudo apontou que 30% das vítimas de bullying não contam a ninguém, 30% contaram a um adulto e outros 30% a um amigo ou irmão. Esta resistência em contar, também é provocada por em algumas vezes haver uma naturalização dessas atitudes no meio escolar, utilizando falas que normalizam situações de agressão, tais como: “no meu tempo não era assim, a gente resolvia com briga no recreio.”
Por isso, os pais precisam ficar atentos a mudanças de comportamento que podem apontar que algo não vai bem. Os sintomas podem ser tanto emocionais quanto físicos.
Principais sintomas de bullying:
- Falta de interesse pela escola;
- Ferimentos, hematomas ou material escolar danificado;
- Isolamento social, inclusive dos amigos;
- Tristeza e choro sem motivo aparente;
- Baixa autoestima;
- Irritabilidade e agressividade;
- Dores de cabeça, vômito, náusea ou diarreia;
- Taquicardia, sudorese;
- Apetite anormal;
- Queda no rendimento escolar.
ara evitar o bullying, o ideal é que os pais ajam de forma preventiva, inserindo o tema no contexto familiar desde cedo, ensinando a importância da empatia mostrando as consequências da prática de bullying e o que a criança deve fazer caso sofra algum tipo de agressão.
É importante também criar uma cultura de diálogo e acolhimento, demonstrando interesse genuíno na rotina do filho e em seus sentimentos, de forma que ele se sinta seguro em compartilhar detalhes de sua vida de forma espontânea e rotineira.
Além disso, é fundamental procurar escolas que levem a sério a coibição da prática e que sejam próximos da comunidade escolar, que tenha contato direto com pais, professores, estudantes e equipe pedagógica. Essa proximidade é essencial para a identificação e acompanhamento dos casos. Nesse momento é necessário muita atenção para acolher a necessidade do estudante e dar todo o suporte necessário.
Se a família suspeitar que o filho está sendo vítima de bullying, o ideal é estimular o diálogo até que a criança ou adolescente se sinta seguro e conte o que está acontecendo.
Na sequência, deve procurar a equipe pedagógica para expor o problema e buscar soluções em conjunto. Em alguns casos, é importante que os envolvidos recebam acompanhamento psicológico para conseguir superar a situação.
Como a escola deve lidar com o bullying
Como vimos, dados apontam que a escola é um dos principais cenários onde ocorre a prática de bullying, por isso é fundamental que a instituição tenha uma diretriz clara e eficiente para prevenção e combate ao bullying. Diretriz essa que deve se estender, além da comunidade estudantil, também aos professores, funcionários e famílias e demais pessoas que compõem a comunidade escolar.
A Lei 13.185/2015 afirma que é dever do estabelecimento de ensino assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao bullying. Para isso, as principais ações que devem ser realizadas pelas escolas são:
- Promover medidas de conscientização, prevenção e combate a todos os tipos de bullying, cometidas por alunos, professores e outros profissionais integrantes de escola e da comunidade escolar;
- Capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema;
- Instituir práticas de conduta e orientação de pais, familiares e responsáveis diante da identificação de vítimas e agressores;
- Dar assistência às vítimas e aos agressores;
- Evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, priorizando ações que promovam efetiva responsabilização e mudança de comportamento.
Promover o bem estar e a convivência entre os indivíduos é o papel fundamental da escola que edifica os pilares da Educação: Aprender a conhecer; Aprender a conviver; Aprender a ser e Aprender a fazer.
No Pontual, bullying é tolerância zero
No Colégio Pontual o bullying é levado muito a sério e há um forte trabalho para desenvolver uma cultura da empatia, autoconhecimento e antibullying em toda a escola. “Muitas vezes, outros alunos nos relatam situações que viram acontecer com um colega, como forma de protegê-lo e no ajudá-lo nesse trabalho”, conta a diretora Malú Marigo.
Criamos assim uma rede de apoio e convivência saudável que ampara toda a comunidade escolar. Trata-se de uma parceria na qual todos se desenvolvem e aprendem!
Além disso, quando ocorre algum caso de bullying, o colégio realiza a orientação dos alunos envolvidos e aciona as famílias para orientá-las também.
“Mantemos um canal aberto com os estudantes e estimulamos que nos procurem como auxílio para lidar com a situação. Nossa equipe faz questão de ser o porto seguro da comunidade escolar, se mostrando presente em qualquer situação. Atualmente, temos na escola pelo menos 5 casos de crianças que sofreram bullying em outras instituições e que aqui encontraram acolhimento e ajuda para seguir a vida escolar de modo seguro e prazeroso. Atualmente se desenvolvem super bem, demonstrando aprendizado e convivência eficaz, além de criar novos laços de amizade. Isso é uma conquista para nós”, finaliza.